quinta-feira, 29 de março de 2012

O que é Arte?

Resolvi reconhecer que fui criada para ser médica, engenheira ou advogada, com as opções ressaltadas de ser “esposa”, “dona de casa” ou “dona de boutique”, essas eram as escolhas, que eu me lembre. Como sempre adorei ver as mulheres de terninho, pasta na mão e falando com propriedade, não duvidei ao seguir a carreira de advogada.

Apos estágios, empregos, sociedades, pós graduação e mestrado fora, eu aproveitei o fora no sentido “overseas” and “abroad”, para explorar outras opções que eu nem sabia que tinha. Ta aí, me encantei com o “abroad”. Talvez porque seja ainda mais desafiante, ou porque queria fugir da realidade anterior, ou porque gosto de aprender outras línguas e culturas, ou porque sou novidadeira mesmo, ainda não sei.

No “abroad” o contato com a arte é imposto, não é algo distante nem “nerd”, está em toda a esquina, disponível a todas as classes econômicas e sociais, não passa desapercebido. Meu circulo de amizades se expandiu, saiu da rodinha mercado financeiro, advogados e só. Encontrei de um tudo, e me embasbaquei com tantas outras profissões existentes.

Eu, sinceramente nunca tive muito contato com a tal da arte, ou por falta de interesse ou por falta de apresentação a ela, além de que, não fazia parte da minha lista: foi criada para... Em NY, encontra-se cursos para dar, receber e vender, entrei na onda e aproveitei para fazer curso de fotografia, já que sou aquela chata que sempre leva máquina no restaurante, aniversário, na balada, no bar, sendo turista ou não.

Estava amando o tal curso, com informações produtivas sobre abertura da lente, velocidade, ISO e luz. Quando chegamos ao projeto final a criatividade tinha que aflorar, matutei, matutei e percebi que sou tão limitada e entediante quanto a lei. Nada de criatividade, parece que a parte direita do cérebro nunca foi muito explorada. Quando olhei o projeto de outra colega pensei a mesma coisa: puxa que falta de criatividade, que fotos esquisitas, mas quando mostradas no telão, para minha surpresa a classe e a professora soltaram um uníssono: OOOOOOOHHH! Isso é tão artístico!!! Minha cabeça deu nó. Um choque com a tal da arte. Mas quem pode contestá-la? A Arte é para ser apreciada, ou te traz um prazer ao vê-la ou desprazer. Li num livro sobre a história da arte que sua fundamental importância é a comunicação intelectual que mesma nos traz. Claro que este Parágrafo me aborreceu, eu fui a única que não viu arte ou comunicação visual num pires de chá amarelo encima de uma mesa branca. Agora será que todos vêem? Ou será que existe um medo de contestar a arte. Eu achei uma falta de imaginação, uma ausência de cores e formas, mas não tive coragem de contestar, como deveria e quem sabe assim me fizessem, talvez, enxergar a tal da Arte no pires.


Um comentário:

  1. Eu não ouso definir arte e nem sei se ela possa ser precisamente definida, mas, se existe alguma definição, passa pela capacidade que todos nós temos - uns mais do que outros e outros com absoluta genialidade - de nos expressar, de produzirmos e repassarmos conhecimento e de conseguormos, através do produto de nossa criação, alguma espécie de sentimento, de experiência ou o que quer que tenhamos a dizer. Por isso acho que definir arte e até mesmo gostar de arte seja algo muito pessoal, pois passa sempre pela nossa capacidade de compreender ou não o que o outro tem a dizer, baseando essa compreensão com a nossa própria bagagem de vida, de mundo, de gostos e experiências. Claro que existe uma expertise, um conhecimento e um olhar mais purista e autorizado do que o da média para definir se esta ou aquela obra possam ser
    chamadas de arte, mas, mesmo assim, mesmo com o olhar autorizado reconhecendo tal coisa como arte, será sempre uma experiência interpessoal gostar daquilo ou não. Por isso que arte e gosto correm juntos, mad se diferem. Muito embora qualquer um de nós, novamente dentro dos nossos difetentes graus de sensibilidade e inteligência, possa treinar, instruir e sofisticar esse olhar reconhecedor da arte, até mesmo para entendermos as razões pelas quais determinada peça assim foi considerada, pode ser que, mesmo detentores deste conecimento, aquilo que é enaltecido por muitos não nos diga absolutamente nada. Isso já aconteceu várias vezes comigo, talvez por insuficiente conhecimento técnico, talvez por limitação intelectual, talvez porque a minha bagagem seja maior e aquilo seja muito simplório, ou ainda, porque estou totalmente convencida de que aquilo é uma idiotice sem pé nem cabeça, disfarçada sob o nome de criatividade. Pelo que vc contou, acho que a última opção é o caso do tal pires amarelo.

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