terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Pro samba que você me convidou, com que roupa, eu vou!?!?!?


"Olho para duas caixas repletas de roupas que separei para dar e começo a me perguntar porque demorei tanto para perceber que aquelas roupas estavam fora de moda ou simplesmente já não mais me serviam.”

Quando a Pippa espertamente escreveu esta frase em seu “De volta para casa”, lembrei-me em meio às suas metáforas de uma verdade muito prática, simples, mas nem tão óbvia assim que, quando descobri, incrementou em muito o meu dia a dia.

Tem a ver com adequação e pertinência e se relaciona, justamente, com pilhas de roupas que não usamos mais ou com outras tantas que usamos, mas que, de repente, damo-nos conta de que já não mais nos servem, seja porque o nosso corpo mudou, as nossas prioridades mudaram, o nosso estilo de vida virou outro.

É que roupas, quer a gente queira ou não, são os objetos de uso diário que mais nos seguem, seja você um fashionista inveterado ou alguém que só se cobre para não andar pelado na rua. E quando algo muda, nem que seja o tempo..., elas necessariamente mudam com a gente!

E já que elas nos seguem e ornam tanto com a previsão do tempo, quanto com o ambiente que frequentamos, elas devem, minimamente, fazer sentido com essas duas variáveis (tempo x ambiente), devendo também, “maximamente“, fazer sentido - e muito! - com quem as carrega por aí afora...

Por muitos anos, a minha vida foi dicotomizada entre trabalhar das 09:00 até muitas horas como advogada em um escritório, e sair correndo para o happy, jantar, festinha ou batizado de boneca da noite. Em uma cidade como São Paulo, a coisa se passava correndo, voando, de uma personagem para outra, ou seja, de advogada a pessoa virava festeira sem ter tido tempo de “reagrupar” o vestir e passar a mensagem coerente ao momento.

Na época, acho que me encarava em partes, em pedacinhos, como se isso fosse possível, como se não fôssemos todos de uma vez só e ao mesmo tempo, a mesma pessoa, e como se o que somos atrapalhasse aquilo que queremos ser ou o que precisamos ser para chegar lá.

Por isso, quando comprava roupa para trabalhar, pensava excessivamente em uma formalidade, seriedade e sobriedade meio que estigmatizadas pela profissão e meio que levadas demasiadamente a sério por quem não tem muita idade, tamanha é a preocupação nessa época em se mostrar adulta, competente, respeitável...

É que, pensando bem, nada precisava ser tão sóbrio ou sério, justamente em razão daquela pouca idade e também porque, por mais que me esforçasse, a minha informalidade nata desbancava a rabugice da roupa, ao mesmo tempo que minha moderação e reserva, quando necessárias, sempre andaram juntas segurando naturalmente esta informalidade. Ou seja, para parecer séria e profissional, não era necessário me enterrar com pompas de velório em um terninho preto, mas na época eu não entendia isso...

E assim, acabava adquirindo pecinhas pesadas por demais, que nada tinham a ver comigo, o que ficava absolutamente claro no momento em que saia do escritório e ia encontrar os amigos, e que, vez ou outra, obrigavam-me a me despencar do trabalho até em casa, no meio de um trânsito de louco, só para trocá-las por coisa outra mais de acordo.

Foi quando cansada e insatisfeita de usar roupas que não gostava, e de manter várias intactas no armário por pura falta de oportunidade para usá-las, pensei que a solução seria criar um guarda-roupa meio termo, com pecinhas que me vestissem com satisfação nos lugares onde passava a maior parte do meu dia, e que assim pudessem tanto ser usadas no escritório, quanto no jantar ou happy de logo mais! Quando fiz essa descoberta, descobri-me feliz com o que vestia, todo dia e o dia todo, e não só em alguns momentos de aparição red carpet.

Parece bobo ou fulgaz, mas é um exercício de auto-conhecimento, de sentir-se bem com a sua própria pele, com o que você faz, com para onde você vai, e de se perguntar: quem sou eu e o que eu quero mostrar para que essa pele possa ser coberta de uma maneira que não a desfigure? Na época, eu queria que simplicidade e elegância andassem de mãos dadas com leveza e criatividade e deu certo! Essa é a minha receita, essa é a base de quem sou, fora ou dentro do trabalho, e de qualquer trabalho, na festa ou no supermercado, é assim que gosto de ser. E aí, às suas palavras básicas você mistura, vez ou outra, conforto, sensualidade, praticidade, delicadeza, pequenos ou muitos exageros...

O engraçado é que funcionou tanto que, mesmo tendo parado de trabalhar para atender à demanda da minha vida nova, continuo a usar as mesmas roupas que usei por anos para ir ao escritório, muitas vezes combinadas de maneira diferente, claro, mas que continuam absolutamente pertinentes comigo, porque, quem a gente é, a gente carrega sempre com a gente!

E o divertido é encontrar elementos novos que complementem e possam ser incluídos às mudanças de estilo de vida. No meu caso, eles foram três e incrementaram linda e confortavelmente o meu dia a dia de dona de casa e estudante de francês “das neves“, que pega o trenzinho e anda bastante, todo dia, para ir na academia, no supermercado ou no curso, entre outras localidades mais... sendo eles: uma bota de neve, uma wedge boot, que é aquela ankle boot com plataforma mais delicada e, hehe... um trolley para carregar compras do supermercado no melhor estilo senhorinhas europeias do pós guerra, que são muito espertas, e carregam os seus para lá e para cá!

A bota das neves é auto explicável já que, escorregar e correr o risco de se arrebentar inteira ou mesmo molhar os pés num friozinho de -12 como o da última semana, é fora de questão! Encarei o botão, mas escolhi uma meiga e arrojada, nada que me lembre uma bota lunar, podendo ser usada com leggings ou skinnies; já a botinha com plataforma, achei a melhor invenção deste inverno e me cai como uma luva! Adoro saltos, mas andar com um agulha ou mesmo meia patas por aí não é coisa possível de se fazer por longos quilômetros, especialmente quando, de novo, você tem gelo na rua... Assim, essas “botinas” me permitem fazer todo o percurso, cheia de graça e sem sair do salto! E por último, o trolley! Tem gente que acha que é coisa de avó: eu acho lindo, prático, conveniente e toda vez que o puxo, perco a vontade de ser uma daquelas deusas indianas com quatro braços e capacidade de carregar o mundo nas costas. É o melhor companheiro para a minha volta do supermercado!

Não sei quanto a vocês, mas eu encontro pequenas alegrias nessas miudezas, porque além de facilitarem a minha vida, deixam bem claro quem sou, de onde vim, onde estou, para onde vou! É um pouco da filosofia barata do sapato, mas... atire a primeira pedra quem nunca fez terapia na sapataria!

De resto, se temos que nos vestir, que seja com graça e sentido!

4 comentários:

  1. Impecavel, pra dizer sem exagerar e sempre fridae impecavel, o vestuario e a descricao. Informalizada mas classuda, classy, chic. Ja eu sofro com meu ar formal inato q nem em havaianas e jeans consigo q me olhem como "descolada", nesses dias, perguntam se estou doente :-(
    Meu guarda roupa eh minha referencia e ter que coloca-lo num storage foi como abrir um pouco mao da minha identidade, dawuela menina q gosta de brincar com as roupas e maquiagens, pq me faz sentir mulher ou pq eh paixao por se vestir. Mas a vida nova tb impoe "abrir mao", e aqui estamos, nao eh amiga. Nos divertindo com as novidades do pais alheio q de repente chanamos de home!
    PS: Adoro as botas comm s

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Você é sempre linda e para lá de adequada na sua "formalidade", amiga, além de saber, como ninguém, "desformalizar" quando é preciso, rs... E esse arzinho "formal&sexy&meninabemcomportada" é a sua cara, é você! Não tem que mudar...
      Entendo a chateação de precisar armazenar as roupitas... E acho que a falta que elas fazem é mesmo por paixão ao se vestir, não é por apego, consumismo ou qualquer outra coisa do gênero. Em maio/junho, quando organizamos a mudança da AS para cá, precisei despachar boa parte do meu guarda-roupa (fora as que ainda estão em SP há um ano,e agora, finalmente a caminho de me encontrarem, rs...)e pensar no que eu poderia carregar em duas malas de 23kgs cada (coisas como sapatos e casacos pesam quase isso, sem precisar de muito esforço...), que rendesse por seis meses, e atendesse o mês de inverno que ainda passamos em Johannesburg (que é frio!), o verão na França, o casamento no Brasil, o inverno daqui (que é mais frio ainda...), até recebermos tudo, o que só aconteceu em dezembro... Foi chato... Mas, fazer o que? Como vc mesma falou, faz parte do "abrir mão"!

      Excluir
    2. AI Meu Deus, imagina vc viajando tudo isso coma as malas de 23kg, para cima e para baixo... Fez bem em esperar.
      Adoro essas botas de neve com salto.
      Não, não é apego não, são meus brinquedos rsrsrs, meus bichinhos de estimação, para mim elas tem sentimento rsrsrs. Adoro ficar olhando, pondo uma com outra, outra com uma, agora acho que vou é adquirir um softwer de fashion no computer para continuar brincando hehehe.

      Excluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir