quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Carcaça

Há dias em que eu queria me despir da minha pele, queria livrar minha alma da carcaça que tanta dor me traz. Porque a alma é soberana e merece a plenitude, merece se esparramar, fluir como um corpo líquido numa superfície plana. Mas a dor limita enquadra, aprisiona, deforma, destrói, corrói! Nestes dias é pelas lágrimas me permito transbordar, nelas me socorro, me alivio da inquietação que me traz a dor.
As horas passam e alma clama para degustar vida e a audácia me impulsiona e sigo a querer tocar o prazer, sem desprazer, como que num desejo inócuo de dissociar o antagônico, como se pudesse, um dia, separar o escuro do claro.
Pois que então seja, se desatache de mim, porque eu sou minha alma e não recosnheço este corpo que me consome tão fugazmente parecendo engolir o que me resta de pessoa. Sua textura é hedionda sua presença é repugnante. Eu te desprezo dor! Eu te queimaria, afogaria, mataria...não, morrer não, porque morrer ainda tem um sentido de eternidade e você não vai ser eterna, você vai desaparecer com a sua insignificância, vai derreter e escorrer pelos bueiros da avenida norte, percorrer quilômetros, se desfazer, ser um nada, um vazio, sem nunca ser encontrada, para nunca ser lembrada.

2 comentários:

  1. Pain is temporary. It may last a minute, or an hour, or a day, or a year, but eventually it will subside and something else will take its place. If I quit, however, it lasts forever.
    Lance Armstrong

    Hang in there!

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  2. E o que essa alma anda escrevendo bem, não é brincadeira!

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